reportagem especial

De quem come a quem fornece o alimento: o impacto dos três anos sem restaurante Popular em Santa Maria

Pâmela Rubin Matge


O clamor pela volta do Restaurante Popular Dom Ivo Lorscheiter se mistura à descrença de que o espaço realmente reabra. Pudera. No dia 10 de março completou três anos que o local está de portas fechadas e deixou de fornecer alimentos saudáveis e a baixo custo a centenas de pessoas, entre elas, Marcionei, Mário e Antonio, todos moradores de bairros periféricos, mas que encontram trabalho no centro da cidade e por ali fazem (ou não) suas refeições. Encampado como política social e uma questão de saúde pública, o fechamento respinga na vida de quem come, de quem produz o alimento e de quem paga a conta.

Na esteira da burocracia das licitações, consertos pendentes, de entraves e promessas tanto desta quanto de outras gestões, a reabertura é garantida pelo prefeito Jorge Pozzobom (PSDB). Porém, o governo municipal não arrisca bater o martelo e estabelecer prazos ou datas. A população protesta ou espera pelo futuro do Restaurante Popular, que ainda segue incerto.

NÃO É TODO DIA QUE MARCIONEI ALMOÇA

Um café reforçado por volta das 7h e um uma nova refeição somente depois das 17h seria, de imediato, uma contra-indicação de qualquer nutricionista. Infelizmente, esse foi o jeito que o gari Marcionei Oliveira, 51 anos, encontrou para economizar. Morador do Bairro Salgado Filho, ele tem pouco tempo para ir em casa e voltar para o Centro na hora do almoço. A rotina é bem diferente da de três anos atrás, quando ele e outros colegas de profissão usufruíam do Restaurante Popular. Atualmente, quando pode fazer as refeições, ocupa uma sala onde a empresa que trabalha guarda os materiais, abaixo da ponte do Parque Itaimbé ou em algum banco do mesmo parque.

- Quando dá, a gente traz um arroz, um feijão e uma carne. Mas tem dias que nem como para não perder tempo e tal. Não tem comparação com a época do restaurante (Popular). Eu comia acomodado, tinha até vinagre, salzinho para cada um colocar a gosto. Uma comida boa mesmo, que o trabalhador conseguia pagar. Não dá para acreditar que estão enrolando todo esse tempo para abrir - analisa o gari.


MÁRIO LEMBRA QUE JÁ TEVE REFEIÇÃO A R$ 1,25

Ao meio-dia em ponto da última quarta-feira, o pedreiro Mário Rodrigues da Silva, 32 anos, dava uma pausa no serviço para comer, ali mesmo, no canteiro de obras de um prédio que estava sendo erguido. O trabalho pesado, que a profissão que exerce desde os 15 anos exige, requer energia, já que, segundo ele, a fome aperta após algumas horas de esforço.   

- Não dá para ficar sem comer, é básico. Só que alimento é algo caro, que pesa no bolso no final do mês. Muito frequentei o Restaurante Popular. Lembro como se fosse hoje: almoço a R$ 1,25, suco e "moussizinho" por R$ 0,50 (cada) - conta o pedreiro que "marcha" com pelo menos R$ 200 em comida todo mês.

Para Silva, além de matar a fome, o local era um exemplo de uma ação coletiva e solidária:

- Só pode ser por ganância de empresário da volta ou por política, porque o restaurante era bom para todo mundo. Não tinha como não dar lucro, pois formava filas no lado de fora e, para quem almoçava, saía barato - avalia Silva. 

ANTONIO NÃO TEM MAIS HORA CERTA PARA COMER

A marmita mais barata encontrada em estabelecimentos da região sai por menos de R$ 10. Sem tempo e espaço adequado para sentar e almoçar com calma, o comerciante Antonio de Almeida Pimentel, 56 anos, não tem nem hora certa para comer. Às vezes, abre o pote com a comida que prepara em casa, na noite anterior, e o almoço é consumido antes de ser aquecido. Ele é um dos expositores do Shopping Popular. Nas bancas ao lado, vários colegas também trocam garfadas de comida entre uma venda e outra. Edimar Morais, 36 anos, é um deles: 

- Saudade do Popular. Quando dá, almoço, quando não dá, acabo comendo um lanche, um pastel.

     Já Pimentel, além de ser um antigo frequentador do Restaurante Popular, acompanha os entraves que envolvem o fechamento há longa data e indigna-se.

- É um absurdo isso aí, três anos já. Falta organização da prefeitura e dos responsáveis. Toda vida almoçamos lá. Aqui, todo pessoal ia e não tinha reclamação. Agora, é esperar para ver se abrem, mas não tenho muita esperança - diz.

REIVINDICAÇÕES E VELHOS OBSTÁCULOS DO RESTAURANTE POPULAR


A palavra burocracia talvez seja a mais propagada pelo atual governo quando o assunto é Restaurante Popular. O prefeito Jorge Pozzobom chega a personificá-la como sendo a maior inimiga da gestão. 

Sob responsabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Social, as tratativas do restaurante - que se mantém fechado desde o rompimento do contrato com a ONG Comitê Gaúcho de Ação e Cidadania, em 10 de março de 2016 -, foram compartilhadas no início do governo por João Chaves (PSDB), que retornou à pasta na última quinta-feira, e nos últimos 11 meses por Lorena dos Santos (PSDB). Ambos têm argumentos semelhantes e nada de novidades.

- Por que não reabre? Eu também quero saber e não entendo a demora dos engenheiros e toda burocracia. Posso te afirmar que é uma preocupação e peço que a população tenha paciência, pois está tudo em andamento - apela Lorena.

Chaves, completa:

- Da outra vez, eu me precipitei em dar datas, pois não sabia como funcionava lá dentro, mas nunca faltou vontade. Estamos encaminhando o conserto do telhado para, depois, abrir a licitação. Estamos nos empenhando e muito para devolver o restaurante à comunidade.

O fato é que, desta vez, o que impede a abertura é o conserto do telhado. Somente depois a prefeitura encaminhará ao Corpo de Bombeiros o pedido de vistoria do espaço, além de contratar, por meio de licitação, a empresa que fará a gestão e manutenção do local. O processo licitatório foi encaminhado, no dia 20 de fevereiro, para a Superintendência de Compras e Licitação. Já o projeto de reforma do telhado está desde o dia 31 de janeiro na mão da Secretaria de Estruturação e Regulação Urbana.

O conserto dos três panelões - panelas de pressão industrial -, que renderam três licitações desertas e quase um ano de demora foi feito há cerca de um ano, bem como o Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) já foi executado.

 Segundo a Superintendência de Comunicação, caberá ao município fiscalizar o cumprimento do contrato. À empresa licitada, a compra, o preparo e a distribuição dos alimentos; limpeza do espaço; segurança e manutenção dos equipamentos e do prédio; além de tudo que envolver a administração. O novo acordo não permitirá firmar contrado com Organizações Não Governamentais (ONG).

Há menos de um mês, mudanças anunciadas no governo de Jair Bolsonaro (PSL) e pela própria Campanha da Fraternidade 2019 endossaram o debate em torno do Restaurante Popular. A primeira refere-se ao Banquetaço, uma manifestação em nível nacional contra a fome e contra a extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) e do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan), um dos apontamentos da Medida Provisória (MP) 870/2019, que extingue ambos os órgãos. A segunda traz Fraternidade e Políticas Públicas como tema e Serás libertado pelo Direito e pela Justiça, como lema. Nos dois eventos que ocorreram em Santa Maria, a bandeira pela reabertura do restaurante foi reivindicada e figurou entre as principais pautas.

"TIRAR DA POPULAÇÃO O RESTAURANTE POPULAR É O MESMO QUE TIRAR DOS ESTUDANTES O RU"


Falar de terra é falar de vida para o agricultor Darciano Dalla Lana. Aos 41 anos, ainda lembra do dia que foi plantar moranga junto do pai pela primeira vez.

- Era setembro, e eu usava uma camiseta do Grêmio. Eu tinha uns 14 anos e fiquei prestando atenção no que o pai dizia. Antes, já havia plantado arroz - conta.



Filho, neto e bisneto de quem sempre dependeu da agricultura para sobreviver, diz que qualquer dano à relação simbiótica entre o campo e a cidade traz consequências em larga escala para a sociedade. Cadastrado ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do governo federal, o qual viabilizava que ele fornecesse produtos ao Restaurante Popular, contabiliza perdas significativas. Nos últimos anos, da sua horta e do pomar da sua casa na localidade de São Marcos, no Distrito de Arroio Grande, alface, couve, repolho, temperos e laranja paravam na mesa do Restaurante Popular. Pelo menos R$ 800 que vinham do programa para a renda dele, da esposa, também agricultora, e dos dois filhos de 5 e 15 anos eram garantidos todos os meses. Embora não passe dificuldades atualmente, a quantia é significativa.

- A gente começa a sentir para pagar uma conta de luz, para ir ao mercado. Falta dos vereadores e da prefeitura mais interesse, falta olhar um pouco mais e ver a importância da agricultura familiar.

E para as pessoas que precisam dos alimentos é muito triste. Tirar da população o Restaurante Popular é o mesmo que tirar  dos estudantes o RU (Restaurante Universitário) - compara Dalla Lana.

 COOPERATIVA TEM QUEDA DE R$ 30 MIL MENSAIS
A Cooperativa de Produção de Desenvolvimento Rural dos Agricultores de Santa Maria a Coopercedro, tem 148 associados, sendo 46 cadastrados ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Dalla Lana (acima) é um deles.

Segundo Alcione Piasentin Claro, 39 anos, secretário da cooperativa, o programa era o instrumento que viabilizava a venda de produtos da agricultura familiar. Pelo menos 30% da aquisição é prevista em lei, contudo, os produtores chegaram a repassar quase 100% ao Restaurante Popular.

- O que entra para nós só vem diminuindo. Posso dizer que de R$ 25 a R$ 30 mil ao mês. Tudo começou com o fechamento do restaurante, depois piorou com o fim dos recursos do PAA. O último depósito foi em 2017 e fomos administrando na expectativa que o restaurante reabriria. Tentamos correr atrás e criar oportunidades de mercado. Fizemos os repasses às cozinhas comunitárias e ao Mesa Brasil, mas além de não suprir por ser menos do que repassávamos e em outubro do ano passado foi a última vez - conta o secretário.

De acordo com Claro, há cinco meses o PAA impossibilita que agricultura familiar, por meio da cooperativa, forneça os produtos para as cozinhas comunitárias, que na maior parte sobrevivem de doações e contrapartidas municipais, e do Programa Mesa Brasil, que hoje é mantido pelo Sesc.

- O dinheiro que chegava às famílias dos agricultores cadastrados era usado no dia a dia deles, em tecnologia para ampliar a produção, além de evitar o êxodo rural. É lamentável - pontua Claro.

A Superintendência de Comunicação da prefeitura informou que será determinado, em contrato, que a empresa responsável pelo Restaurante Popular, contratada por meio de licitação, adquira ao menos 30% dos alimentos da agricultura familiar de Santa Maria - podendo ser maior este percentual. Foi dito, ainda, neste ano, a questão está a mercê de repasses do governo federal.

O PAA, que é operacionalizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), desde 2018, no governo de Michel Temer, (MDB) teve os recursos encolhidos.

O Programa
Orçamentos do Programa de Aquisição de Alimentos para o Rio Grande do Sul, segundo o Conab

  • 2016 - R$ 16 milhões
  • 2018 - R$ 1 milhão
  • 2019 -R$ 300 mil 

UMA QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA

Um mural que resiste na parede de uma das áreas do Restaurante Popular Dom Ivo Lorscheiter ainda conserva um antigo recorte com a indicação do cardápio. Logo abaixo, um vazio está no espaço que foi preenchido com a descrição de refeições repletas de arroz, feijão, macarrão, polenta, couve e tantos outros alimentos. A propósito, as informações eram divulgadas diariamente na porta do estabelecimento e na página do Facebook do restaurante.

Mais grave pode ser a situação de muitos frequentadores do local e uma rede de pessoas beneficiadas, conforme articula a professora do curso de Nutrição da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Cariza Teixeira Bohrer.

- O fechamento do restaurante tem impacto para a saúde pública por impossibilitar a oferta de uma alimentação equilibrada e variada, com cardápio planejado por nutricionista, preparada por equipe capacitada quanto aos padrões de higiene e a preço acessível. Os clientes podiam desfrutar refeições na companhia de colegas e amigos, o que favorece uma alimentação com regularidade, atenção e prazer. Além disso, como política pública, a sociedade de Santa Maria e região é prejudicada pois, como ação de Segurança Alimentar e Nutricional, a política indica que a aquisição de alimentos seja prioritariamente dos produtores locais e da agricultura familiar. Assim, a geração de empregos e renda também é afetada negativamente - avalia Cariza.

Como alternativa, hoje, marmitas ou lanches rápidos têm sido a opção para muitos ex-frequentadores que trabalham ou vivem no Centro e não têm mais o Restaurante Popular. A professora alerta que essa substituição traz riscos por não fornecer a quantidade adequada de vitaminas e minerais que uma refeição completa e equilibrada e, se industrializados, estes alimentos podem ter passado por etapas, técnicas de processamento e sido adicionadas substâncias sintéticas que não garantem as mesmas propriedades nutricionais do alimento in natura.

Segundo Cariza, o almoço representa cerca de 30% a 45% das necessidades energéticas diárias, devido ao pleno funcionamento fisiológico e metabólico do organismo e possibilita a ingestão de diferentes alimentos, preparados de distintos modos, que quando juntos compõe uma refeição equilibrada e necessária à saúde.

ENDEREÇO OCIOSO

Programa Restaurante Popular foi integrado à rede de ações e programas do Fome Zero, política de inclusão social estabelecida em 2003. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome tinha como objetivo criar uma rede de proteção alimentar em áreas de grande circulação de pessoas que realizam refeições fora de casa, atendendo, dessa maneira, os segmentos mais vulneráveis nutricionalmente. Em 2007, foram ampliados os Bancos de Alimentos, Cozinhas Comunitárias e Restaurantes Populares em todo o país. A iniciativa visava enfrentar a extrema pobreza e promover a segurança alimentar e nutricional e a inclusão produtiva das famílias do Cadastro Único para programas sociais do governo federal. A manutenção e a gestão desses equipamentos seriam responsabilidade das prefeituras ou dos governos estaduais.

No mesmo ano, também foram selecionados para terem cozinhas comunitárias os projetos Praças do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e Creches Pro-Infância, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE. Já o Banco de Alimentos priorizou municípios operadores do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Os Restaurantes Populares foram concebidos para municípios acima de 100 mil habitantes.

CENÁRIO PARADOXAL

o cenário atual do imponente prédio na Rua Dr. Pantaleão, número 356, no Centro é paradoxal. A imagem parece de abandono ao entrar no local, ouvir os próprios passos em um espaço vazio de pessoas, bancos erguidos, corredores escuros e sem luz elétrica e avistar antigas panelas onde já foram feitas comidas para matar a fome de muita gente e que hoje servem de recipiente para a água que desce do telhado. Em peças ao lado, porém, materiais novinhos com poeira acumulada, pilhas de louças, fogões industriais e panelas modernas - inclusive, panelas de pressão, com capacidade de cozinhar até 80 kg de arroz ou de feijão.

Um morador da Rua Pantaleão, que mora a metros do restaurante, mas que não quis se identificar, informou à reportagem do Diário que até hoje o local é procurado e muitos ainda se espantam quando encontram as portas fechadas.

- Tem gente de outros municípios, que vem fazer tratamento (de saúde), exames e fica pelo Centro. Muitos saem cedo com transporte da prefeitura das cidadezinhas e chegam aqui e não tem nem onde comer. É da dar dó, porque antes conseguir almoçar com dois pila, um almocinho bom - diz o aposentado, que também acrescentou que a abertura envolve "politicagem" e pressão da "concorrência" dos donos de outros restaurantes e lancherias da região.

A hipótese, porém, é refutada por Rosélio Raddatz, dono do Restaurante Feijão e Arroz Gastronomia caseira e vice-presidente da Associação de Bares e Restaurantes de Santa Maria: 

- O fechamento do Restaurante Popular é um prejuízo enorme para a cidade e nunca atrapalhou ninguém dos outros restaurantes. São públicos diferentes e mesmo que não fosse, não justificaria. Para quem não tem dinheiro, almoçar por R$ 2 ou R$ 5, que seja, é importante. Todos dias vimos aqueles que não têm nem dinheiro para uma passagem e vem pedir um prato de comida aqui na frente. No que precisarem de mim, dou a maior força para que reabra, seja uma mobilização, um abaixo-assinado. Eu estive lá dentro do restaurante, vi as panelas, a estrutura e não pode ser tão complicado assim abrir. Acho que falta vontade e quem sofre é o povo - analisa Rosélio. 

ALTERNATIVA NÃO AGRADA A TODOS

Enquanto o conserto do telhado não é feito porque o projeto segue na Secretaria de Regulação e Estruturação Urbana, e o Restaurante Popular não é aberto, a prefeitura oferece, como alternativa à população de baixa renda e aos usuários cadastrados pelos Centros de Referência em Assistência Social (Cras), as sete cozinhas comunitárias do município. Acontece que os locais estão dispostos em seis bairros e só três oferecem refeições diárias e, dessas, só uma - a da Associação de Reciclagem Seletiva de Lixo (Arsele) - atende adultos.

A realidade é criticada por entidades civis que acabam fazendo sopões e cafés solidários e a órgãos como o Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). 

- As sete cozinhas comunitárias estão enfrentando dificuldades pela falta de suprimento alimentar via PAA, atualmente sem recursos, portanto, na prática, inexistente. O público prioritário, como na cozinha do Bairro Carolina, por exemplo, tem crianças em situação de vulnerabilidade. Nas demais são as pessoas extremamente pobres. Afirmar que as cozinhas podem suprir, mesmo que limitadamente, a ausência do Restaurante Popular é uma falácia - diz Juarez Felisberto, presidente do Consea em Santa Maria.

Ele defende que a interrupção dos almoços coloca o município em estado de emergência.

- Penso que assim como se cria uma força-tarefa para casos de enchentes, poderia haver para solucionar a reabertura do restaurante, afinal, essa também está na situação de emergência. Entendo que o fato que tem atrasado a reabertura está mais no âmbito ou na falta de uma decisão política - pontua.

AS SETE COZINHAS COMUNITÁRIAS

Arsele - Associação de Reciclagem Seletiva de Lixo

  • Av. Borges de Medeiros, nº 511 - Bairro KM 2 [email protected]
  • Atende adultos e crianças da associação
  • Oferece almoço diariamente

Associação Espírita Francisco Spinelli

  • Rua Auta de Souza, nº 10 - Vila Por do Sol [email protected]
  • Atende crianças de 05 a 12 anos
  • Oferece almoço diariamente

CCI - Centro Comunitário Infantil

  • Rua Pedro Alvarez Cabral, nº 218 - Bairro Carolina [email protected]
  • Atende crianças e adolescentes
  • Oferece café, almoço e lanche, diariamente

Centro Espírita Fraternidade - Chico Xavier

  • Travessa Gramado s/nº - Vila Lorenzi [email protected]
  • Atende adultos e crianças
  • Oferece almoço duas vezes por semana (terças e quartas-feiras)

Paróquia Santa Catarina - Capela São Pedro

  • Rua Iraí, nº 49 - Vila Pérsio Reis [email protected]
  • Atende idosos, mulheres e crianças
  • Oferece almoço duas vezes por semana (quartas e sábados)

Obra Social Nossa Senhora do Trabalho

  • Rua Oliveira Mesquita, nº 10 - Bairro Salgado Filho
  • [email protected] adultos e crianças
  • Oferece almoço duas vezes por semana (quartas e sextas)

Some - Sociedade Meridional de Educação

  • Rua Irmão Cláudio Rohr, nº 150 - Santa Marta [email protected]
  • Atende crianças e adolescentes
  • Oferece almoço diariamente

ALMOÇOS CUSTARÃO R$ 3

Com 1,7 mil m², o Restaurante Popular passou por uma reforma que, segundo a prefeitura, já beira os R$ 450 mil . O espaço está fechado desde o dia 10 março de 2016, após o rompimento do contrato da Secretaria de Desenvolvimento Social com a ONG Comitê Gaúcho de Ação e Cidadania, que administrava a cozinha do local. Com a desativação, cerca de 400 pessoas deixaram de ter almoços no local que tem capacidade de servir até mil refeições diárias. À época do fechamento, o almoço custava R$ 2,50. A previsão é que, quando reaberto, custe R$ 3, conforme informado pela Superintendência de Comunicação.

OS CUSTOS*

  • Obras e reformas - R$ 240 mil
  • Materiais - R$ 50 mil
  • Reforma elétrica - R$ 40 mil
  • Conserto nos panelões - R$ 14,7 mil
  • PPCI e execução - R$ 54 mil
  • Conserto do telhado - O projeto segue em execução na secretaria de estruturação desde 31 de janeiro de 2019  

*Informações da Superintendência de Comunicação da prefeitura 

LINHA DO TEMPO

  • 25 de setembro de 2008 - Restaurante Popular Dom Ivo Lorscheiter abre. Almoço custa R$ 1. O investimento foi de R$ 1,9 milhão, sendo R$ 1,4 milhão do governo federal e R$ 500 mil da prefeitura
  • 14 de março de 2011 - Valor do almoço é reajustado para R$ 1,25
  • 17 de agosto de 2012 - Projeto da prefeitura ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome captou R$ 330 mil para o Restaurante Popular para reforma e aquisição de equipamentos. Dos R$ 330 mil, R$ 30 mil são contrapartida do Executivo
  • 2 de junho de 2014 - Parceria entre prefeitura e Secretaria do Trabalho e do Desenvolvimento Social do Estado implanta padaria comunitária junto ao Restaurante Popular
  • 8 de outubro de 2015 - Alagamento impede abertura do restaurante
  • 19 de fevereiro de 2016 - Assinado contrato para reforma interna do espaço. O investimento é de R$ 213.656,05 sendo que R$ 192.290,45 são de repasse, e R$ 21.365,60 são recursos livres do município
  • 7 de março de 2016 - Prefeitura informa que restaurante não atenderá por "força excepcional de suporte de infraestrutura". ONG Comitê Gaúcho Ação e Cidadania, responsável pela preparação das refeições e atendimento ao público, é notificada e multada
  • 10 de março de 2016 - Restaurante é fechado. Secretaria de Desenvolvimento Social informa que houve "um descumprimento de responsabilidades da empresa gestora e o rompimento contratual".
  • 18 de novembro de 2016 - Prefeito José Haidar Farret anuncia: "A partir de dezembro queremos estar com o restaurante em pleno funcionamento"
  • Janeiro de 2017 - A Secretaria de Desenvolvimento Social providencia reparos ao local, com base nos 36 apontamentos dos bombeiros
  • 5 de maio de 2017 - Em audiência pública, secretário de Desenvolvimento Social, João Chaves (PSDB), diz que Restaurante Popular é prioridade e abriria em 2018
  • 4 de julho de 2017 - PPCI encaminhado no dia 29 de junho aos bombeiros retorna para que sejam retificados detalhes do projeto
  • Julho a outubro de 2017 - Três licitações (tomada de preços) desertas para revisão e conserto de três panelas industriais: em agosto, em setembro e em outubro
  • 13 de novembro de 2017 - Homologada licitação do conserto das panelas pela empresa Silva A. Silva de Oliveira ME. Custo: R$ 14,7 mil
  • 26 de abril de 2018 - Concluído conserto das panelas
  • Dezembro de 2017 - Prefeitura assina projeto executivo do PPCI. Documento é encaminhado à Superintendência de Compras e Licitações
  • 20 de março de 2018 - Depois das chuvas de outubro de 2017, prefeitura assina contrato com a empresa Carlos A.C. Cardoso para o conserto da estrutura
  • 25 julho de 2018 - Contrato assinado com a Providência Equipamentos de Incêndios Ltda para executar o PPCI
  • 27 de setembro de 2018 - Executado PPCI ao custo de R$ 54 mil
  • Agosto 2018 - Prefeitura rescinde o contrato com a empresa que faria a reforma do telhado
  • 7 de dezembro de 2018 - Núcleo de Apoio a Pessoas em Situação de Rua (NAPS) protesta pedindo a abertura do Restaurante Popular
  • 31 de janeiro de 2019 - Encaminhado à Secretaria de Estruturação e Regulação Urbana a solicitação para que seja elaborado o projeto de reforma do telhado
  • Março de 2019 - Prefeitura informa que o processo licitatório para a contratação da empresa gestora do Restaurante Popular foi encaminhado à Superintendência de Compras e Licitação no último dia 20 de fevereiro. Não foram informados prazos ou a data de publicação do edital 

REPORTAGEM - Pâmela Rubin Matge
FOTOS - Pedro Piegas e Renan Mattos

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